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Esperançando – Lilian Schiavo

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Por: Adriana da Silva

Esperança – Foto: Ilustração

Escrever se tornou um hábito, uma forma de me conectar com as pessoas, uma oportunidade de levar palavras de encorajamento.

Esta semana entramos novamente num período de restrições e me sinto numa montanha russa, num minuto olho a paisagem lá do alto e no momento seguinte estou beirando o solo.

Tinha prometido para mim mesma que não tocaria no assunto da Covid-19, mas é inevitável.

Justo agora que as vacinas começaram a ser aplicadas e você já estava programando sua primeira saída…

Tive um bloqueio mental! Olho para a tela vazia e as palavras fogem, preciso me concentrar, escolher um assunto.

Então paro, fecho os olhos, respiro profundamente, me esvazio…será que isso é meditar?

Mergulho no silêncio, desacelero, respiro novamente e busco meu equilíbrio.

O dia está começando, a casa ainda está dormindo e dá até para ouvir uns passarinhos.

Aproveito para fazer minhas orações e agradecer.

Sou inundada por um sentimento de paz.

Lembro de como terminamos um evento virtual comemorativo do dia Internacional da mulher.

A apresentação de dados da OIT aponta que na pandemia as mulheres na América Latina trabalham o dobro de horas que os homens porque acumulam o trabalho profissional com as tarefas domésticas e cuidados com a família.

Discutimos sobre a luta histórica em busca da igualdade de gênero, relatos sobre  a violência contra a mulher e  historias de superação.

Melhor fechar os olhos novamente e respirar fundo, imaginar umas paisagens paradisíacas e  sentir o perfume das flores.

Deve ser por isso que estamos exaustas…

Volto para contar sobre o evento virtual, o grand finale.

Recebemos previamente um roteiro sobre como deveria ser a luz, o posicionamento diante da tela, o tipo de roupa adequada, o horário de início, o aviso sobre os microfones,  programação e alguns pedidos inusitados: uma taça com bebida para o brinde final, uma pashmina e uma vela.

Tive a honra de ser escolhida para o discurso final, decidi falar sobre sororidade, palavra que vem do latim soror que significa irmã.

A sororidade é a versão feminina da fraternidade, é irmandade, um sentimento de solidariedade,  empatia, aliança e união. Uma palavra recente que foi incorporada ao movimento feminista.

É derrubar o mito da rivalidade entre as mulheres, é ser a mulher que apoia outras mulheres, é dividir saberes sem medo de competição,  é não julgar, é elogiar ao invés de criticar, é não invejar.

Termino minha fala e fazemos um brinde, são mulheres de 11 países diferentes e era a primeira vez que as via…

Na sequência,  uma conferencista aparece e pede para colocarmos a pashmina nos ombros, fecharmos os olhos e pensar nos sentimentos ruins que tivemos neste último ano: raiva, frustração, desânimo, ira, depressão e tristeza. Ela diz que esses sentimentos foram para a pashmina, pede para você imaginar esse peso nos ombros.

Tiramos a pashmina e expulsamos esses sentimentos um a um, valeu até chacoalhar.

Então ela diz para recolocarmos a pashmina, desta vez vamos fechar os olhos e reviver os sentimentos bons: alegria,  amor, serenidade, compaixão, liberdade, fé, esperança, felicidade e gratidão.

Em seguida, com cuidado retiramos nossas pashminas e as dobramos. Olho para a tela e vejo algumas mulheres com expressões sorridentes abraçadas na pashmina, como se os bons sentimentos estivessem irradiando.

Se deu certo eu não sei, mas senti  uma alegria invadindo o lugar.

É, as mulheres são surpreendentes!

Estava curiosa com a cerimônia final, então pediram que segurássemos as velas como símbolo de iluminação e transformação.

Foi bonito de ver aquelas chamas acesas, pontos de luz em cada quadradinho da tela como uma mensagem de fé e esperança.

É isso que precisamos agora, esperançar!

Conseguimos chegar até aqui e vamos seguir em frente, esperançando, acreditando e vivendo um dia de cada vez, com pausas para silenciar e renascer mais fortes e melhores.

“A esperança é o sonho do homem acordado.” Aristóteles

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