Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Abuso sexual não é piada

Compartilhar é se importar!

A polêmica do momento envolve o filme “Como se Tornar o Pior Aluno da Escola”, com a participação de Danilo Gentilli e Fábio Porchat.

Por Lelah Monteiro

Lançado em 2017, já tinha causado discussões acaloradas por, supostamente, incentivar o #bullying. Sua entrada em fevereiro deste ano para o catálogo da #Netflix reacendeu as discussões. Entre outras questões, uma cena, em específico, tem causado controvérsia. Nela, o personagem vivido por #FábioPorchat, nitidamente portador de graves desvios sexuais, ao tentar “conciliar” dois meninos adolescentes que brigavam, propõe como “paga” pelo “favor”, que estes o masturbem.

Quem defende o filme alega tratar-se não de uma apologia, mas de uma crítica à pedofilia. Mas, em minha opinião, toda a sequência é de um extremo mal gosto, e em nada contribui para alertar ou conscientizar sobre o assédio / abuso sexual a menores de idade. Trata o tema como piada, minimizando sua gravidade.

Vale lembrar que o filme tem classificação indicativa de 14 anos e nessa faixa etária os adolescentes ainda estão em fase de formação da personalidade e de descoberta da sexualidade. Fazer rir de um assunto tão sério e grave como a pedofilia com certeza não é o melhor caminho para ajudá-los nessa fase e em nenhuma outra.

É banalizar um crime que, de acordo com a #PesquisaNacionaldeSaúdedoEscolar -PeNSE 2019- divulgada em setembro de 2021 pelo #InstitutoBrasileirodeGeografiaeEstatística (IBGE), vitimou 14,6{cd1bea5bacaf18d63f2613834c965ffdc12ff81d639635183f79bec16d092a66} dos adolescentes brasileiros. Ou seja, 1 em cada 7 adolescentes sofreu abuso sexual alguma vez na vida em nosso país.

Defendo a liberdade de expressão artística. Sei que o humor presta um enorme serviço chamando atenção para muitos problemas que afligem nossa sociedade. Não se trata de ser moralista. Eu, como terapeuta e sexóloga defendo, mais do que ninguém, a necessidade de falarmos sobre sexualidade de forna aberta e sem tabus. Defendo a importância da educação sexual mas escolas. Mas, nesse caso, faltou bom senso e cuidado no tratamento de um assunto tão delicado. O que destoa, inclusive, da trajetória artística e posicionamento do excelente Fabio Porchat frente a vários temas importantes. E isso não é pra rir, é pra chorar.

A produção do filme errou feio e deveria reconhecer isso. Quem sabe até se comprometendo voluntariamente com uma campanha que realmente conscientize nossa sociedade sobre a questão da pedofilia.

Que tal abraçar essa ideia, Fabio Porchat?

Foto: Arquivo Pessoal

Lelah Monteiro psicanalista, sexóloga e fisioterapeuta (www.lelahmonteiro.com.br). Atua em seu consultório em Perdizes (São Paulo, SP) como educadora sexual; terapeuta individual, de casais, de família e sexual.

Atende presencial e online.


www.lelahmonteiro.com.br
 – 11 99996-3051

Compartilhar é se importar!

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

A revista Nova Família caracteriza-se por uma linha editorial independente que leva ao leitor matérias, artigos e colunas com informações que provocam a reflexão e a visão além dos fatos. A revista traz os aspectos mais relevantes de hoje e os coloca em discussão através de profissionais e especialistas.

TRADUZIR SITE
ENVIAR MENSAGEM
FALE CONOSCO PELO WHATSAPP
Olá como podemos te ajudar?