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EDUCAÇÃO FINANCEIRA SE APRENDE EM CASA

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Michele Vitor

Lidar com dinheiro é uma tarefa extremamente difícil para muitas pessoas, por esse motivo, o ideal é que os pais ensinem os filhos desde pequenos a adquirir noções da vida financeira. Especialista dá dicas para reorganizar as finanças e educar os filhos em planejamento financeiro.

Como diz o clássico samba de Paulinho da Viola ‘Dinheiro na mão é vendaval…’. E, várias pessoas se enrolam em meio a dívidas, devido a facilidade de crédito e a falta de planejamento. Assim, muitas pessoas se perdem em meio a tantas contas, fazendo até mesmo com que os gastos sejam maiores do que o próprio salário.

Segundo pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), em outubro, havia mais de 55 milhões de pessoas com o nome negativado nos órgãos de proteção ao crédito. O número representa um aumento de um milhão de pessoas em relação ao mês anterior.

Nesse cenário, a chamada classe C (ou nova classe média) é a que mais sofre. De acordo com pesquisa da Nielsen, com uma renda média de R$ 2.924 por mês, a classe C gasta mensalmente mais ou menos 15% a mais que o salário.

E, nesse começo de ano, quem não fizer um bom planejamento pode se enrolar ainda mais, pois é nesse período que várias contas precisam ser pagas. Os três primeiros meses do ano chegam acompanhados de IPTU, IPVA, rematrícula estudantil e material escolar, além de gastos com viagens de férias e compras parceladas feitas no Natal.

Quando não há planejamento e a pessoa se vê em meio a um desequilíbrio financeiro, até mesmo a saúde física e mental pode ser afetada.

Segundo levantamento realizado em 2012 pela Universidade de Nottingham, na Inglaterra, pessoas endividadas podem apresentar um grande risco de perder o controle sobre o efeito da ansiedade e do estresse.

Além disso, outros problemas podem ser notados no comportamento dos endividados, como o aumento do constrangimento diante dos colegas, insônia e desenvolvimento de fobias, reduzindo o contato social e a capacidade de concentração. E, nesses casos, pode acabar dificultando o desenvolvimento pessoal e profissional também. A sensação de incapacidade e impotência com o acumulo de despesas pode limitar o desempenho e resultar, até mesmo, em casos de depressão.

Quem se encontra nessa situação necessita reorganizar as finanças para evitar problemas maiores. Além disso, reequilibrar as finanças reflete também como contribuição para a educação financeira das novas gerações, para que os filhos não passem, ou evitem ao máximo, passar por problemas semelhantes.

O planejamento financeiro da família

Segundo Vicente Sevilha, CEO da Sevilha Contabilidade, o planejamento financeiro deve ser utilizado pelas famílias sempre, havendo ou não endividamento exagerado. “Naturalmente, quando existem dívidas o planejamento é vital. Famílias endividadas devem dar o primeiro passo e admitir que possuem dificuldades financeiras. Dessa forma, será mais fácil cortar despesas incompatíveis com o momento financeiro vivido” comenta.

Para o especialista, depois de feitos os gastos, é necessário avaliar estratégias para aumentar o rendimento familiar, e por fim, negociar dívidas com condições de pagamento que caibam no orçamento da família. “Nesses casos, os filhos não precisam participar de todo esse projeto, mas devem ser comunicados e esclarecidos a respeito dos cortes que os afetem diretamente. Vale ressaltar que os pais não devem se sentir mal ao dizer aos filhos que precisam cortar esse ou aquele gasto”, afirma Sevilha.

De acordo com Sevilha, a reorganização financeira pode ser feita a partir do estudo dos três tipos de gastos que toda família tem. Segundo ele, existem as despesas essenciais para a sobrevivência, como a alimentação; depois dessas aparecem os importantes, mas não essenciais, como o estudo de um segundo idioma ou cursos em geral; e o terceiro tipo engloba as desejáveis, que podem ser exemplificadas como um carro para cada membro da família ou uma viagem especial.

“Na hora da redução de gastos deve-se começar pelas despesas desejáveis e cortar até o fim. Em seguida, é preciso passar para as despesas importantes e avaliar. Dependendo do tamanho do problema financeiro pode ser necessário cortar tudo ou parte dessas despesas. Por último, é preciso avaliar as despesas necessárias e tentar reduzir ao máximo”, explica Sevilha.

Para o especialista, os filhos devem sempre compreender a realidade financeira da família, mas não devem participar diretamente do planejamento financeiro. “Normalmente, eles ainda não apresentam maturidade para encarar essa situação e podem sofrer pressões para as quais ainda não estão prontos”, explica.

Preparando os filhos para lidar com dinheiro

Ensinar os filhos desde pequenos a lidar com dinheiro pode ser a melhor estratégia para que se tornem adultos capazes de ter uma vida financeira saudável.

Segundo Sevilha, existem certos conceitos matemáticos envolvidos com a questão financeira como o fato de uma criança só ser capaz de compreender o valor do dinheiro a partir dos seis ou sete anos de idade.

“A partir dessa idade começa a ser possível que a criança tenha um relacionamento mais direto com finanças, podendo, por exemplo, ela mesma pagar e receber o troco por um produto que comprou. Os pais devem procurar fazer desta experiência algo prático e útil, evitando associar compras à sensação de prazer, mas sim ao conceito de necessidade. A cada experiência desse tipo é importante reforçar que compramos porque precisamos e não porque nos dá prazer”, explica.

Mesmo assim, antes dessa idade já é possível trabalhar com os filhos os conceitos não matemáticos que irão ajudar na consciência financeira para o futuro, como por exemplo, conceitos de valor, de troca e de utilidade das coisas e objetos.

“O diálogo sempre será um instrumento muito importante na educação financeira. E, qualquer oportunidade de diálogo deve ser bem aproveitada para ajudar as crianças a perceberem que o dinheiro é algo útil, mas que serve a um propósito claro: atender as necessidades”, comenta Vicente.

O especialista afirma ainda que é importante explorar junto com os filhos o universo da satisfação de necessidades dissociada do dinheiro, como passeios e caminhadas que não exigem desembolso financeiro, mas também geram satisfação. “A construção desses cenários ajuda a criança a perceber que nem toda satisfação vem do dinheiro e que a utilidade do dinheiro não é promover felicidade, mas sim satisfazer as necessidades”, afirma.

Segundo Sevilha, mais importante do que o diálogo é o exemplo. “Os pais devem se comportar em relação ao dinheiro de maneira coerente com esse discurso”, diz.

Como introduzir o dinheiro na vida das crianças

A mesada é uma das alternativas para inserir o dinheiro na vida dos filhos. No entanto, para Vicente Sevilha, antes dos sete anos de idade essa prática não é uma boa opção, justamente por estar fora do período em que as crianças passam a ter maior discernimento sobre o conceito de dinheiro.

Para ele, depois dessa idade é possível começar a utilizar esse recurso da mesada, mas sempre mediante a supervisão dos pais.

“Vale ressaltar que a mesada não deve representar um custo adicional para o orçamento familiar e deve ser suficiente para atender as necessidades da criança naquela idade. Por exemplo, se a criança compra lanche na cantina da escola, a mesada deve ser suficiente para essa despesa durante o mês”, explica.

Naturalmente, com o crescimento dos filhos as necessidades mudam a aumentam e a mesada deve acompanhar isso. “A mesada deve conter uma parcela descomprometida dos gastos, por exemplo, 10% a mais do que será gasto com os lanches na cantina da escola. Esse valor poderá ser utilizado para qualquer despesa da criança, mas sempre, com a supervisão dos pais que precisam saber como o filho está utilizando o dinheiro”, afirma Sevilha.

Para o especialista, o momento de introdução da mesada é também a hora de apresentar aos filhos o conceito de poupança e economia.

Segundo ele, estabelecer com os filhos um objetivo de longo prazo que exija poupança é o melhor caminho para esse aprendizado. Por exemplo, se o filho quer comprar um joguinho de vídeo game que custa R$ 200 é preciso ensinar que ele deverá guardar R$ 20 por mês para conseguir comprar o jogo em um prazo de dez meses. “Esse diálogo e o acompanhamento mensal dessa reserva criará no filho a capacidade de entender a utilidade da poupança”, explica Sevilha.

“É importante que o objetivo seja atingível em um prazo menor do que um ano e que os pais incentivem permanentemente os filhos na poupança”, completa.

Outra alternativa para a introdução do dinheiro na vida da criança, mas que deve ser aplicada com cautela, é a relação de troca. “É uma opção válida, porém é preciso muito cuidado. Algumas tarefas que os filhos fazem devem ser feitas pela consciência do dever, que depois se converte em consciência de cidadania e não em troca de benefícios ou remunerações”, comenta.

Segundo Sevilha, ensinar uma criança que ela deve recolher a sujeira do cachorro para receber uma remuneração, por exemplo, pode criar um adulto que deixa a cidade suja. “Essa tarefa deve ser apresentada a criança como parte de seus deveres, independente de receber algo em troca”, diz.

A troca de tarefas por dinheiro só deve acontecer na medida em que as tarefas não sejam parte da consciência do dever. “Por exemplo, se a família paga alguém para lavar o carro, pode ser uma oportunidade oferecer à criança que lave o carro e receba por isso. Mas, se a família não tem o hábito de pagar a lavagem do carro e esse serviço é feito pelo próprio pai, por exemplo, não é oportuno remunerar o filho nessa atividade. É preciso ensinar que ele deve ter a consciência de ajudar o pai sem esperar algo em troca”, conclui.

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