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Por Ahmad Alzoubi
A ideia que muitos analistas e jornalistas têm de organizações e situações marcantes entre as guerras movidas pelos Estados Unidos no Oriente Médio desde os ataques de 11 de Setembro são principalmente ditadas pela narrativa das mídias ocidentais, e sempre cabe voltar à explicação de alguns termos e fatos históricos para superar distorções. O que significa a palavra Jihad? O que são os movimentos ISIS, Talibã, Al-Qaeda? O que foi a Guerra no Iraque?
Vamos a algumas explicações.
Jihad
Este termo surgiu no início do Islã, quando a Grande Batalha de Badr foi mencionada no Alcorão. O termo se refere a todas as ações ou mensagens voltadas a espalhar o Islã. Deṕois, seu uso foi generalizado para incluir qualquer ação ou declaração que seja do interesse do bem coletivo para para repelir um inimigo que vise uma população, ou para libertar uma terra de seu colonizador, ou simplesmente para ajudar os necessitados ou vítimas de uma grande agressão.
A jihad pode se aplicar agora à luta Palestina, onde há um ocupante sionista e os donos originais das terras agem para defender sua pátria, casas e propriedades. A resistência que o Hamas está realizando em Gaza hoje é considerada uma jihad, assim como as operações de resistência em todos suas formas em Jerusalém e na Cisjordânia.
No Islã, a Jihad tem um dos significados mais elevados, e quem quer que se sacrifique por seu chamado é considerada uma pessoa nobre, o que não pode ser confundido com as distorções do seu emprego por grupos extremistas.
ISIS ou Daesh
O movimento chamado de Estado Islâmico no Iraque e no Levante é conhecido abreviadamente como ISIS, ou também como Daesh. Trata-se de uma organização armada e extremista que segue a ideologia de grupos jihadistas salafistas que visam restaurar o “Califado Islâmico e implementar a Sharia”. Sua influência se espalhou principalmente pelo Iraque e a Síria, mas também está presentes em regiões de outros países como o sul do Iêmen, Líbia, Sinai, Somália , nordeste da Nigéria, Paquistão, Moçambique e Níger. O líder desta organização Abu Ibrahim al-Qurashi, morreu no início de fevereiro, durante uma operação dos Estados Unidos, o que foi confirmado pelo movimento na quinta-feira (10), em um comunicado que informou o nome de Abu Hasan al-Hashemi al-Qurachi como sucessor.
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O crescimento do ISIS foi impulsionado por regimes árabes ditatoriais e seus serviços de segurança a partir da guerra no Iraque, que levou à morte, deslocamento e perseguição de centenas dos jovens. Em decorrência dessa situação desesperadora e do desvirtuamento da religião, o Estado Islâmico surgiu e disseminou-se facilmente. A princípio, centenas de jovens aderiram, principalmente da Jordânia, Síria, Iraque, Arábia Saudita e Egito.
As práticas e comportamento violento do ISIS e sua capacidade destrutiva mostram que, por trás da organização, há financiamento, planejamento e apoio logístico de regimes árabes, como vimos no bombardeio de mesquitas e igrejas no Egito.
Al-Qaeda
A Al-Qaeda surgiu após a invasão do Afeganistão pela União Soviética , fundada por Osama Bin Laden, a partir dos outros grupos treinados e apoiados financeiramente pelos Estados Unidos para lutar contra a ocupação.
Após a saída da União Soviética, muitos se reagruparam depois contra o Ocidente, e parte dos combatentes formou a Al-Qaeda, como revela o ex-presidente Obama no livro “A Terra Prometida”.
Após os ataques de 11 de setembro em Nova York, atribuídos a Osama Bin Laden, os Estados Unidos bombardearam e ocuparam o Afeganistão, com o objetivo de desmantelar a Al-Qaeda, mas também expulsar o principal movimento do país, então no poder, o Talibã.
Uma dissidência de Osama Bin Laden criaria, posteriormente, o Estado Islâmico.
Talibã
O Talibã é um movimento político armado sunita nacionalista islâmico, e seus líderes acreditam que estão aplicando a lei islâmica. Foi fundado em 1994 pelo mulá Muhammad Omar, e atualmente governa o Afeganistão. Eles lutaram durante a Guerra Soviético-Afegã, de 1996 a 2001, e foram a facção mais importante da luta afegã. O Talibã se espalhou pelo Afeganistão, governando grande parte do país, até assumir o controle da capital afegã, Cabul, em 27 de setembro de 1996. Suas praticas incluiam campanhas de matança, violência com devedores, perseguição às mulheres, restrição à educação, trabalho infantil e Ignorância política. Em seu auge, o governo do Talibã foi diplomaticamente reconhecido por apenas três países: Paquistão, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. O movimento declarou o estabelecimento do Emirado Islâmico no Afeganistão e moveu a capital para Kandahar, comandando o governo até dezembro de 2001 , quando foi derrubado pelos Estados Unidos. O grupo mais tarde se reagrupou como uma insurgência para lutar contra o governo apoiado pelos EUA e as forças da lideradas pela OTAN. Nesse período, procurou mudar suas práticas desenvolvendo interesse no trabalho político e de mídia, apostando no enfrentamento militar, político e cultural ao ocupante, no discurso mais flexível e aceitável para a comunidade internacional e foco na guerra contra a ocupação e não contra o povo. Denunciou as várias práticas dos EUA contra o povo afegão e organizou a resistência. Mas continuou sendo rigoroso na aplicação dos assuntos da religião islâmica e criticado pela discriminação às mulheres.
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Após a saída dos EUA em 2021, o governo de Ashraf Ghani, apoiado pelos EUA, caiu rapidamente. Em menos de 24 horas, o Talibã assumiu o controle de todas as cidades e províncias, declarando seu controle sobre o país.
Guerra do Iraque:
Depois de 11 de setembro e da invasão do Afeganistão, o presidente dos Estados Unidos, George Bush, mirou no Iraque. Ele afirmava que a Al-Qaeda era apoiada pelo presidente iraquiano, Saddam Hussein, e decidiu atacá-lo sob o pretexto de seu apoio ao terrorismo e sua posse de armas de destruição em massa.
Bush intensificou esforços para convencer os líderes congressistas e a opinião pública americana e internacional de seus planos de invasão, acusando o Iraque de ser um “aliado da Al-Qaeda” e alegando que não seria uma opção “não fazermos nada sobre a séria ameaça representada pelo programa iraquiano de produção de armas estratégicas ”.
No início de janeiro de 2003, Bush anunciou – em um discurso em Fort Hood, Texas, a mais importante base militar dos Estados Unidos – que seu país estava pronto para se mover militarmente “se o Iraque se recusasse a destruir suas armas de destruição em massa”, acrescentando que seu país não queria invadir o Iraque, mas “libertar o povo iraquiano”. Ele acreditava em “uma vitória decisiva dos Estados Unidos por ter o melhor exército do mundo”.
A existência de armas químicas no Iraque foi desmentida. Mas as estimativas do número total de iraquianos mortos na invasão variam, dependendo da fonte; Um relatório da revista científica britânica “The Lancet” publicado em outubro de 2006 estimou o número de mortos em nada menos que 655.000.
Do lado dos Estados Unidos, 4.500 soldados s foram mortos, cerca de 30.000 outros ficaram feridos. Do lado britânico, 179 soldados foram mortos. A guerra teve um custo de quase um trilhão de dólares
Os EUA saíram do Iraque em 2014, deixando um legado de caos e destruição que precisará de centenas de anos para que o país volte ao que era. Bush saiu do Afeganistão derrotado em sua mídia, inteligência e política, deixando o Iraque mergulhado em sangue e deslocamentos.
Batalha de Mosul
A Batalha de Mosul foi um ataque conjunto das forças de segurança iraquianas com as Forças de Mobilização Popular, as forças Peshmerga no Curdistão iraquiano e a coalizão forças para lutar contra o terrorismo e recuperar o controle da cidade de Mosul tomada pelos extremistas do Estado Islâmico (ISIS). A guerra terrestre começou em 16 de outubro de 2016. O início da operação militar foi anunciado pelo primeiro-ministro iraquiano Haider al-Abadi em 17 de outubro de 2016, dizendo – “Estamos chegando, Nínive” -. Pelo menos 11.000 pessoas foram mortas, de acordo com um relatório da Associated Press. As forças dos EUA, a Força Aérea Real Britânica, as forças turcas e o exército iraquiano participaram do bombardeio à cidade histórica de Mosul.
Ahmad Alzoub é jornalista e doutorando no Programa de Comunicação Social da Universidade Metodista de São Paulo, estudando a relação entre palestinos na América Latina e a função da mídia na preservação de sua cultura e identidade. Publica artigos sobre aspectos das relações entre países da América Latina e a causa palestina e, em particular, sobre essas questões no Brasil. Também escreve sobre outros assuntos do mundo árabe.
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