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O novo jeito de casar

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Apesar de todas as mudanças da sociedade, muitas pessoas ainda carregam um ar romântico e sonham em construir uma família ao lado de alguém especial. Muitas mulheres ainda desejam realizar toda a tradição da cerimônia de casamento, o que inclui, entrar na igreja, no sítio ou em um salão de festa toda vestida de branco e de braços dados com o pai.

Mas, as tradições nem sempre andam lado a lado com a modernidade. Hoje em dia, a hora do ‘sim, eu aceito’ pode acontecer de uma maneira bem mais informal e simples. Atualmente, muitos casais optam apenas por morar juntos. E, entre os motivos, ganha destaque fugir da burocracia na hora de casar e de se separar, caso isso aconteça.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os casamentos duram em média 15 anos no país atualmente. E, de acordo com o psicólogo e terapeuta cognitivo-comportamental, Anderson Martiniano de Souza, essa instabilidade nos relacionamentos leva as pessoas a optarem por casamentos informais na tentativa de gerar menos expectativa sobre os familiares e, muitas vezes, sobre si mesmo. “Hoje, boa parte das relações são uniões consensuais sem registro em cartório ou bênçãos religiosas”, comenta o psicólogo. Para ele, a situação econômica do país também contribui para essa diminuição da escolha pelo casamento tradicional. “Isso ocorre na tentativa de evitar despesas consideradas altas”, comenta.

Além disso, segundo o especialista, é possível observar uma mudança no comportamento da população que considera o afeto mais importante do que as tradições e costumes. “No passado, os casamentos tradicionais estavam associados, também, a garantias econômicas entre as famílias mais abastadas e eram fundamentados na dependência financeira da mulher”, explica. Com as mudanças dos dias atuais, que incluem a inserção da mulher no mercado de trabalho, os vínculos de dependência foram substituídos por um modelo mais pautado no afeto do que na dependência. E, nesse caso, para algumas pessoas, a qualidade da relação tornou-se mais importante do que a instituição casamento.

“Nesse caso, para algumas pessoas, a qualidade da relação tornou-se mais importante do que a instituição casamento”

Além das vantagens financeiras e a redução da burocracia associada ao casamento formal, as pessoas que optam por uma união estável ou decidem morar juntas garantem que esse modelo de relacionamento está associado a partilha de sentimentos, ideais e projetos de vida comuns entre as duas pessoas.

De acordo com Anderson, os modelos familiares atuais apresentam grande influência no comportamento dos jovens – o que favorece essa escolha. “Nos últimos anos, pudemos observar grandes mudanças nas estruturas das famílias, como casos de separação, divórcio, união estável e homoafetiva. Todos esses fatores refletem nas decisões e na percepção que o indivíduo possui sobre os relacionamentos. As experiências familiares que adquiriu, bem como as afetivas que viveu moldam essas escolhas”, afirma o especialista.

A importância de cumprir o acordo quando a decisão for morar junto, mas sem abrir mão do casamento tradicional

Outro exemplo muito comum nos dias de hoje, é que existem casais que decidem morar junto, mas não abrem mão de planejar o casamento de forma tradicional. É uma maneira de ‘testar’ a convivência diária na mesma casa. Muitos casais optam por essa experiência para testar o respeito a individualidade dentro do relacionamento, a cumplicidade, o companheirismo e a rotina de casal.

No entanto, mesmo que a decisão seja juntar as escovas de dentes e somente depois planejar o casamento é importante que nenhum dos dois se permita cair em uma zona de conforto protelando esse objetivo. Segundo Anderson, a acomodação é um processo natural e adaptativo do individuo.

“É comum que as pessoas sempre procurem ações facilitadoras que garantam a sobrevivência e o bem-estar. Acomodar-se é uma condição evolutiva. O adiamento produz um alívio temporário porque nesse caso a pessoa acredita que tudo dará certo no final. Quando se trata de uma relação, os casais passam a aceitar uma condição de acomodação por conta da informalidade na tentativa de evitar esforços financeiros ou burocráticos”, explica.

Mas, problemas no relacionamento podem surgir quando apenas um dos envolvidos entra nessa sintonia da acomodação. Para o especialista, ao analisar os casais utilizando a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) é possível perceber que fatores emocionais e comportamentais são capazes de intervir negativamente na qualidade das relações, porém muitas vezes as ideias e expectativas sobre os parceiros estão entre os principais motivos de conflitos entre o casal.

“Esses pensamentos não são racionalmente avaliados pelos parceiros e tendem a ser aceitos como algo razoável, influenciando o equilíbrio emocional e refletindo diretamente no relacionamento. Dessa forma, os dois passam a interpretar de maneira equivocada seus sentimentos e o real significado daquilo que querem comunicar um ao outro. Seus sentimentos e expectativas se tornam vagos. O resultado disso é o afastamento e o sentimento de frustração”, afirma o psicólogo.

O ‘casamento moderno’ ao s olhos da lei

Com o casamento tradicional os dois envolvidos têm de forma clara quais são seus direitos em caso de separação. Mas, o que muitas pessoas ainda têm dúvidas é quando esse relacionamento não apresenta contratos. Segundo a advogada, Xenia Gonçalves Santos, a união informal de casais passou a ser protegida por lei com a Constituição de 1988, que garante os mesmos direitos do casamento civil, com regime de comunhão parcial de bens. “Bens como imóveis e automóveis adquiridos durante o relacionamento passam a ser considerados objetos de colaboração mútua, podendo ser partilhados igualmente entre os dois”, explica.

Mesmo assim, especialistas aconselham que esses casais façam um contrato com dados concretos e seguros para evitar problemas no futuro, principalmente em casos de partilha de bens.

Curiosidade

Segundo Censo 2010, realizado pelo IBGE, a proporção de pessoas divorciadas passou de 1,8% no ano 2000 para 3,1% em 2010. Os estados que mais se destacaram em número de divórcios são Mato Grosso, Rio de Janeiro e Distrito Federal. Já as uniões consensuais passaram de 28,6% em 2000 para 36,4% em 2010, com crescimento mais significativo no Norte e Nordeste

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