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O papel dos avós na criação dos netos

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Quem nunca ouviu a expressão de que ‘vó é mãe com açúcar’? Isso porque o papel dos avós sempre foi mimar, proteger e fazer as vontades dos netos. Para a maioria das crianças e adolescentes os momentos vividos ao lado dos avós sempre foram de alegria e muita diversão. E, para os adultos que tiveram essa oportunidade, sempre ficam boas lembranças e muito aprendizado.

No entanto, hoje em dia, esse contato com os avós não se resume apenas a visitas, finais de semana e temporada de férias. Está cada vez mais intenso. Isso porque as mudanças sentidas na sociedade também refletiram na rotina familiar.

Antes era muito comum que as mães ficassem em casa cuidando da criação dos filhos e dos afazeres domésticos. Mas, com toda a evolução da sociedade, as mulheres passaram e ter a oportunidade de escolher suas profissões e o momento de constituir a própria família.

No entanto, por ter uma carreira e também ter a responsabilidade financeira sobre a família, as mulheres acabam não conseguindo dedicar tempo para a educação dos filhos. E, esse trabalho acaba ficando a cargos dos avós, que estão, cada dia mais, presentes na criação dos netos.

Mas, o que é uma ajuda para os pais, pode se tornar um problema na educação das crianças se as regra não forem claras. Segundo o psicólogo e professor universitário, Walter Poltronieri, dependendo da dinâmica da família a interferência dos avós pode trazer tanto benefícios quanto problemas.

Segundo o especialista, a convivência pode se tornar negativa quando os avós interferem nas decisões dos pais, fazendo com que os filhos percam a referência do que deve ou não ser feito.

“Quando os pais impõem uma regra ou orientam que os filhos tenham determinada atitude, é importante que os avós respeitem a decisão e, se não concordarem, conversem com seus filhos longe das crianças. Os pais nunca devem ser questionados diante das crianças sobre as suas decisões”, afirma Poltronieri.

“Os pais nunca devem ser questionados diante das crianças sobre as suas decisões”

De acordo com o especialista, outra situação muito comum quando os avós participam da educação dos netos é que exista um exagero nos mimos, fazendo com que a criança cresça sem ter que enfrentar limites.

“Mimar as crianças é uma atitude natural, principalmente quando se trata dos avós, que gostam de agradar e de fazer as vontades dos netos. No entanto, é preciso ter limites para que essa atitude não interfira na criação e na formação. Crianças muito mimadas, que não sabem respeitar regras e têm todas as suas vontades satisfeitas acabam se tornando adultos problemáticos que não conseguem lidar com situações difíceis”, explica o especialista.

A importância do diálogo

Quando as diferenças de opiniões surgirem o mais indicado a fazer é dialogar de forma clara e objetiva, segundo a psicóloga Neuzeli Aparecida Nicácio, especialista em terapia familiar. “Naturalmente uma boa conversa sempre será necessária. É preciso que fique claro que quem deve estabelecer as bases, diretrizes e limites em relação a criação e educação dos filhos são os pais. O papel dos avós se resume ao cuidado, ao mimo, a cumplicidade com os netos e a parceria com os filhos”, comenta Neuzeli.

Segundo a psicóloga, por mais que a situação pareça simples, quando surgir qualquer divergência sobre a educação das crianças é necessário que os avós e os pais sentem para conversar e resolver as diferenças, sempre longe das crianças.

“Mesmo que os avós não concordem, é importante deixar claro que a educação dos filhos é responsabilidade dos pais e é preciso respeitar essa regra”, ressalta Neuzeli.

Quando começam a surgir os problemas

De acordo com Neuzeli, a presença dos avós na criação dos netos começa a apresentar problemas quando, de um lado, os pais terceirizam ao avós a criação e educação dos filhos, deixando toda a responsabilidade com eles.

Normalmente quando isso ocorre começam os desentendimentos. De um lado os pais reclamam que os filhos não os respeitam e não querem seguir as regras impostas por eles, dando atenção somente às orientações dos avós.

As desavenças também surgem quando, de outro lado, os avós querem assumir um papel que não é seu, ou seja, interferem nos limites e regras impostos e na educação que os pais querem para os filhos, como se eles não tivessem competência
para isso.

“Dessa maneira acabam tirando a autoridade dos pais e confundem a cabeça dos netos”, comenta Neuzeli. É sempre importante que seja claro, tanto para os avós quanto para os pais envolvidos, que os avós não podem ser responsabilizados pela educação
dos netos. Esse trabalho é intrasferível e cabe aos pais quando esses apresentam boa saúde física e mental.

Mas, nenhuma dessas situações quer dizer que a convivência constante entre avós e netos não é saudável.

Vantagens de ter os avós por perto

De acordo com o especialista Walter Poltronieri, existem muito mais vantagens do que desvantagens na relação de avós e netos. Para ele, alguns fatores justificam e comprovam a importância da presença dos avós.

“É possível perceber que crianças que crescem em contato com os avós se tornam adultos mais flexíveis. Além disso, são os avós que reforçam as tradições familiares, contam histórias e ajudam a formar a memória social das crianças”.

Os avós podem sempre ser considerados como ‘um colo amigo’. Agem como apoio quando os netos se sentem sozinhos e têm alguma divergência com os pais. São eles que consolam, orientam e ajudam os netos a enxergar que mesmo uma atitude mais rígida dos pais é apenas um sinal do amor e do bem-estar que querem assegurar aos filhos.

“Muitas vezes os avós costumam ser considerados um modelo a ser seguido e uma fonte de segurança emocional”, comenta Poltronieri.

O papel dos avós no desenvolvimento das crianças é tão importante que ajuda a formar a personalidade do cidadão. Essa relação acontece em todos os lugares do mundo. Uma pesquisa elabo- rada pela Universidade de Oxford, na Grã-Bretanha, com mais de 1,5 mil crianças e adolescentes de 11 a 16 anos, comprovou que crianças que tiveram os avós por perto cresceram mais felizes.

Principalmente nos dias atuais que os pais traba- lham fora de casa em período integral, a proximidade com os avós é ainda mais benéfica e necessária.

O estudo mostrou também que os avós desempenham um papel extremamente importante em fases turbulentas como a separação dos pais, proporcionando conforto e estabilidade emocional.

Como fazer as crianças voltarem à rotina da casa dos pais

Depois de longos períodos na casa dos avós, como em temporada de férias, pode ser mais complicado fazer as crianças e adolescentes se adaptarem as rotinas e regras impostas pelos pais.

Segundo a psicóloga Kareislla Medeiros, é preciso que as crianças aprendam aos poucos o que é permitido em cada lugar para que saibam distinguir sua rotina no período de férias com os avós e o restante do tempo em que passam cumprindo outras tarefas, ainda que menos prazerosas.

“Os pais precisam compreender que, se souberem dosar, a convivência com os avós pode ser muito construtiva para seus filhos. A chave é sempre o diálogo, pois é por meio dele que cada um consegue entender seu papel sem invadir o espaço do outro”, comenta a psicóloga.

“A convivência entre os netos é essencial e saudável. Quem não concorda que vó é mãe com açúcar, não sabe quanto a doçura dessa relação pode contribuir na formação de um cidadão”, conclui Kareislla.

O outro lado da moeda:benefícios para os avós

A convivência com os netos é uma troca de benefícios para muitos idosos. Algumas pesquisas apontam que os avós que tomam conta de seus netos apresentam uma maior probabilidade de manterem-se fisicamente ativos nos anos seguintes.

Para a psicanalista infantil da comunidade médica online Saluspot, Nedia Regina Prando, conviver com os netos é extremamente importante para os avós. É como se eles tivessem uma segunda chance para criar, educar e curtir a geração seguinte. “Quando nos tornamos avós podemos aproveitar com maior liberdade e sem tantos medos o relacionamento com as crianças, ou seja, as dificuldades e preocupações que tivemos ao cuidar dos filhos passam a ser responsabilidade dos outros”, comenta a psicóloga, que afirma ser nessa fase que os avós podem curtir e fazer com os netos tudo aquilo que gostariam de ter feito com os filhos, mas não puderam.

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