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QUANDO O AMOR SUPERA TODAS AS BARREIRAS

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Luciana Brunca

Theodora foi a primeira criança adotada legalmente por um casal homossexual masculino no Brasil

Juntos há 22 anos, pais de duas meninas – Theodora, 13 e Helena de 4 anos de idade – a história de vida dos cabeleireiros Vasco Pedro da Gama Filho, 43 e Junior de Carvalho, 51 anos, revela que um lar se faz com amor, respeito, carinho, atenção, educação, afeto e união. “Quem educa uma criança são pessoas e não um conceito de família. Existem pais ou mães solteiros, crianças criadas por avós, por tios ou tias, enfim não é ser um casal heterossexual ou homossexual que importa, mas sim os conceitos que são ensinados”, afirmam Gama Filho.

A convivência com sobrinhos e até com filhos de amigos e vizinhos foi despertando no casal o desejo de ter filhos. Então, em 1998, eles decidiram se inscrever no Cadastro de Adoção, em Catanduva, interior de São Paulo.  A primeira tentativa foi frustrada e o casal não foi aceito. Seis anos depois, eles insistiram e se inscreveram novamente, passaram por todas as avaliações que são obrigatórias e determinadas no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), e em dezembro de 2005, Theodora com 4 anos na época, chegou para dar mais alegria à vida do casal. “Foi uma felicidade que nem consigo descrever. Nós já conhecíamos a Theodora durante uma vi sita a uma instituição de crianças carentes do munícipio. Eu me apaixonei por ela no primeiro instante, e então Deus a colocou na nossa vida definitivamente”, conta Filho.

O casal relata que após a “guerra” para conseguir a adoção, surgiram alguns medos. “Todo pai tem a preocupação se a filha vai ser aceito ou não, se os amiguinhos vão aparecer na festa de aniversário, como ela seria recebida na escola. Mas sempre tivemos o apoio dos nossos familiares e amigos e sabíamos que estávamos fazendo tudo certo. Sempre falamos a verdade para ela, ela tem orgulho de dizer que os pais são gays, e nunca tivemos problemas de aceitação. Muito pelo contrário, recebemos apoio e carinho da população de Catanduva e até de pessoas desconhecidas que cruzavam com a gente em outras cidades”, relata. Vasco Pedro acredita também que o fato do assunto ter ganhado destaque na mídia, já que era a primeira criança a ser adotada por um casal homossexual masculino no Brasil, facilitou o entendimento das pessoas. “Nossa família nunca sofreu nenhum tipo de preconceito. Todos nos cumprimentaram pela nossa atitude, jovens, idosos. Foi muito legal ver e sentir a reação das pessoas. Na escola também nunca houve problema, participamos de todas as reuniões, somos muito presentes. Os amiguinhos da Theodora gostam de vir na nossa casa, eles até discutem entre eles esse novo conceito de família. É muito legal”, diz.

O tempo passou e nove anos depois, o casal adotou a pequena Helena, na época com 10 meses.  Uma das surpresas foi descobrirem depois de um tempo, que ela e Theodora eram irmãs, por parte de mãe. “Na verdade, os desafios foram outros, já que a Helena era ainda uma bebezinha quando chegou a nossa casa. Mas é gratificante olhar com o passar dos anos os avanços que elas fizeram, os medos que elas também tiveram que superar e hoje formamos uma linda família”, fala emocionado Vasco Pedro.   Como toda adolescente, Theodora já “sofre” com o ciúme do pai, que revela que é bem ciumento. “Estávamos de férias na praia, então outro dia, caminhando eu percebi que vinha uns meninos e já estavam olhando para ela, aí falei: Theodora pare aqui. Esperei eles passarem e só depois andamos e eu claro, fui bem atrás dela”, conta Vasco Pedro, as gargalhadas.

O cabeleireiro acredita que para a geração da Helena, será ainda mais fácil, já que atualmente a homossexualidade é mais discutida, mostrada na televisão, além disso, houve mudanças no Cadastro de Adoção, a autorização do casamento homossexual, entre outras questões. “Ainda falta muita coisa, mas atualmente as pessoas são mais esclarecidas, o que de certa maneira as tornam menos preconceituosas. Minhas filhas estão crescendo em um novo conceito de família, e por consequência, os amiguinhos delas também já tomam conhecimento disso e já abordam a questão de maneira diferenciada”, afirma.         

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