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The invisible man (O homem invisível)
Por Alcir Santos
Homem Invisível é uma expressão cunhada pelo romancista norte-americano #RalphEllison, ao publicar, em 1952, #InvisibleMan, onde aborda uma série de temas de cunho social, vividos pela comunidade negra daquele país, no início do século XX. A
partir daí o termo foi apropriado por jornalistas, cientistas sociais e escritores em geral.
Homens Invisíveis são pessoas reais que estão todo tempo convivendo com a sociedade em geral, mas, por força da sua condição social, da atividade exercida, acabam sendo ignoradas acabando por cair no campo da invisibilidade. Terrível, mas é fato que uma
parcela da sociedade simplesmente “não vê” pessoas que estão ali, ao seu lado.
Certamente você já identificou, nos garis, nas senhoras do cafezinho, nos serventes, nos ascensoristas e em mais uma infinidade de pessoas, os Invisíveis. Paradoxalmente, sem elas você não conseguiria viver. Imagine ter de fazer as tarefas deles e as suas!
Isso reflete a nossa insensibilidade para tratar com o outro. A ausência de sociabilidade, a falta de noção de cidadania e de educação doméstica, nos faz tornar invisíveis cidadãos iguais a nós, que vivem e trabalham ao nosso lado e para o nosso bem-estar. Tudo seria diferente com um simples ato ou gesto de cortesia. Um cumprimento, um agradecimento, coisas assim como um “bom dia “ou “muito obrigado”. O lado perverso disso é que elas introjetam de tal forma essa condição de “não ser” que até se assustam quando alguém as cumprimenta.
Atraído pelo assunto, o psicólogo social #FernandoBragadaCosta, da #USP – Universidade de São Paulo, decidiu fazer sua tese de mestrado sobre o tema. Para tanto assumiu a condição de “gari” nas dependências da Universidade. Comprovou que, em geral, as pessoas não veem a função social do outro. Sentiu a crueldade do que é ser tratado como coisa e não como pessoa. Acabou descobrindo “que um simples bom dia, que nunca recebi como gari, pode significar um sopro de vida, um sinal da própria existência”.
Portanto, o que se enxerga é a função social e não a pessoa. Sem outra forma de reagir, os invisíveis acabam se fechando no mutismo como meio de passarem desapercebidos ainda que que estejam ali, vivos, trabalhando, fazendo mais fácil e tranquila a tarefa daqueles que não os veem.
Doentio isso, não? Mas se você ficou chocado sugiro que olhe em volta e tente ver quantos passam diariamente ao seu lado
sem que você perceba, sem que mereçam, sequer, um simples cumprimento com a cabeça. Agora, tente cumprimentar a moça do cafezinho, o ascensorista, o gari, o segurança, o policial e tantos outros que você ignora.
Alcir Santos é aposentado e leitor compulsivo. Coisa ele diz: “ex um bocado de coisa”, de office-boy, bancário, professor de História e Direito Civil e Prática Forente a juiz. Colunista da Revista Nova Família
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One thought on “Um delicada questão social”
Esse Dr. Alcir sabe das coisas! Descreve a estúpida situação da invisibilidade com maestria, como se tivesse sido um entre os invisíveis, por longo tempo. É. Quem sabe, sabe!