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Sedes bonitas, verbas governamentais, apoio de políticos, artistas e publicitários. Estes são os ingredientes mais comuns nas associações beneficentes que estão sempre presentes na mídia divulgando os números de suas realizações. Você pode se surpreender, mas há associações que têm projetos sociais tão ou mais importantes que os das ONGs mais conhecidas e que, infelizmente, não contam com verbas públicas nem com o apoio de gente famosa.
Esse é o caso do projeto Família Pipa, da cidade de Santo Anastácio. Sem uma sede própria e sem nem mesmo estar registrada para se beneficiar de renúncias fiscais e outros instrumentos semelhantes, o projeto já atende nove cidades do Oeste Paulista, beneficiando diretamente mais de 40.000 pessoas de todas as idades.
Eles cuidam do ambiente, fazem doações e constroem casas para pessoas carentes. Sem nenhuma ajuda governamental!
Em seis anos de atuação, o projeto já realizou mais de 200 mil doações como materiais de construção, livros, móveis, eletrodomésticos, eletrônicos, brinquedos, roupas, agasalhos, calçados e alimentos (em relação aos alimentos cada cesta é contabilizada como uma doação).
Além disso, as atividades do grupo incluem o trabalho de retirada de lixo em locais de mata para a preservação ambiental, cuidados com a fauna e denúncias de crimes ambientais ao poder público.
E não é só isso. Eles realizam também atividades de recreação em entidades como as APAEs, escolas ou creches, por exemplo. Nesses locais, os integrantes do projeto realizam brincadeiras com crianças, encenam peças educativas de teatro e fazem apresentações de palhaços, que buscam trabalhar assuntos importantes e complexos de uma maneira divertida e de fácil entendimento. Além disso, há palestras para adultos. Muitas vezes, a turma do projeto atua também como interlocutor com o poder público, levando as demandas da população às autoridades e acompanhando o processo de atendimento com o objetivo de obter melhoramentos para as comunidades.
Transparência e credibilidade
Provavelmente, você já estava surpreso com tudo que essa turma faz. Mas, agora, deve estar também curioso para saber como eles conseguem fazer tudo isso. Saber de onde vêm as doações e o dinheiro. Pois bem. Você vai se surpreender outra vez.
Os integrantes do projeto Família Pipa até recentemente não aceitavam qualquer tipo de doação em dinheiro. Porém, quando as demandas das populações em situação de vulnerabilidade social da região passaram a ser mais complexas, eles não só começaram a aceitar as contribuições em dinheiro, tomando, é claro, o cuidado de prestar contas de todo valor doado com a apresentação de notas fiscais dos materiais comprados, mas também vêm realizando atividades como venda de pastéis e espetinhos em feiras, organização de festas beneficentes e venda de rifas.
Já os materiais doados vêm dos moradores das cidades onde atuam: Santo Anastácio, Piquerobi, Ribeirão dos Índios, Presidente Bernardes, Presidente Venceslau, Presidente Prudente, Mirante do Paranapanema, Cuiabá Paulista e Costa Machado.
Parece impossível? Então espere só para saber que essa turma já ganhou até mesmo um prêmio internacional: o Youth Citizien Entrepreneurship Competition, na categoria Melhor Projeto 2013/2014 (que são para iniciativas em execução), promovido pela Unesco e pela Goi Peace Foundation.
O projeto Família Pipa, mesmo sem um esforço de divulgação, já foi tema de reportagens em vários veículos de comunicação, como portais noticiosos na internet, jornais e televisão. Ou seja, o trabalho vem sendo reconhecido e está em crescimento.
Realizando sonhos
Na realidade, o pessoal da Família Pipa tem como principal objetivo “ajudar o próximo”, da forma que for possível. E isso envolve também reformar ou construir casas para melhorar as condições de vida de famílias carentes. Foram estas situações de habitação precária que levaram o projeto Família Pipa a lançar, no ano passado, a iniciativa “Realizando Sonhos”.
Por meio dessa iniciativa, eles estão construindo uma casa para o “seu” Antônio, que, aos 69 anos, ganhou o primeiro banheiro de sua vida. Com essas novas e mais complexas demandas, eles deverão fazer um bazar (o 1o Bazar da Pechincha Beneficente da Família Pipa), com objetos doados por moradores e empresas da cidade, o que permitirá a compra dos materiais necessários à construção e outras atividades.
Como tudo começou
Foi em uma segunda-feira, dia 1o de setembro de 2008, que um grupo de jovens se reuniu e criou o projeto Família Pipa, uma Instituição Civil sem Fins Lucrativos, com a decisão – mantida até hoje – de não ter ligações com governos ou partidos políticos como forma de garantir a necessária credibilidade e transparência em suas ações.
Até hoje é terminantemente proibido, a todos os seus membros, qualquer filiação a partidos ou atividade política.
E se você pensa que para fazer tudo isso existe uma estrutura enorme e custosa, está enganado. Tudo é dirigido por oito – sim, apenas oito – pessoas que trabalham de forma fixa no projeto e outros 30 voluntários que atuam de acordo com a necessidade.
Os oito integrantes fixos do projeto Família Pipa, incansáveis e perseverantes na busca dos seus objetivos, são: Bruno Lozzi da Costa, Otávio Robson Moliterno, Leandro Oliveira Garcia, Ana Helena Issa e Valdemir Lozzi da Costa, além de Nalva, Aline e Luciano, que atuam em uma espécie de subsede do projeto em Mirante do Paranapanema.
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