Por Rita Fernandes
E Ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos aos pais; para que eu não venha, e fira a terra com maldição
Malaquias 4:
É interessante que o último versículo do #AntigoTestamento as Escrituras Sagradas trouxe uma citação tão relevante. E por que não dizer, atual?
Qual o pai ou mãe que hoje não sente dificuldade em interagir com seus filhos no mundo onde a internet passou a ser a voz e os ouvidos dos jovens da atualidade? Que filhos hoje não sentem a falta do colo e da conversa, das brincadeiras e dos passeios que outrora marcavam as famílias como sendo, pelo menos, um lazer nos finais de semana?
Quem nunca presenciou nos dias de hoje famílias sentadas num restaurante sem falar uma só palavra, onde cada membro ali sentado está com seu celular na mão, inclusive as tenras crianças de um ano de idade? As babás foram substituídas pelos programas na internet e as mães, para não os verem chorar, passam o celular para as mãos pequeninas dos infantes a fim de não serem incomodadas com seus choros, hoje tão indesejados.
A família sempre foi o maior projeto de Deus para o ser humano e, a despeito do que muitos pensam, Deus não mudou seu propósito!
Como não se atualizar com a mídia e recursos cibernéticos na atualidade?
Seria um retrocesso e uma alienação! Mas, substituir o amor, o abraço, as conversas, sentar-se à mesa, não traz e nunca trará benefícios positivos para nenhuma família, seja ela convencional ou moderna.
Deus, na sua Onisciência, fecha o ciclo da Antiga Aliança com uma convocação de urgência para que o homem viva em família , e o faça do modo mais simples e profundo: “corações convertidos”
O interessante é que Deus não pede para que os corações não sejam convertidos a Ele, como Deus, mas que o sejam convertidos numa relação horizontal entre pais e filhos.
Que sejamos voltados a uma relação vertical com Deus, isso é a base de todo relacionamento consigo mesmo e com o próximo. Mas, aqui , o criador do Universo nos chama a viver em família de um modo que sejamos “entregues uns aos outros”
A palavra “converter” significa: transformar se em algo ou alguém. Na verdade, o que Deus quer é que sejamos entregues, sem reservas, ao relacionamento em família.
Que os pais não só se preocupem em pagar uma boa escola ou dar o melhor celular aos filhos, mas que haja uma junção de almas entre eles. E, por sua vez, os filhos apenas não mostrem os seus boletins com as melhores notas ou que a entrada na universidade não seja o passaporte para uma aceitação positiva entre estes e seus pais, mas que haja uma entrega mútua, um respeito, uma disposição para amar.
O interessante neste versículo do Livro de Malaquias, é que Deus afirma que, caso essa conversão não aconteça, Ele ferirá a terra com “maldição”. E que maldição seria esta? As Sagradas Escrituras falam de bênçãos decorrentes da obediência e das maldições decorrentes da desobediência.
Podemos dizer que diante das muitas maldições descritas nas Escrituras, é possível citar que uma das manifestações de “maldição” que é muito comum no seio familiar é a falta de paz, as doenças emocionais, o desamor, e tantas outras que nos torna incapaz de desfrutar das bênçãos de Deus na nossa vida, como pessoa e como sociedade. Família é a base de uma sociedade saudável!
O mais interessante é que Deus não fala só sobre um posicionamento dos filhos perante os pais, mas dos pais perante os filhos.
No Novo Testamento, no Livro de Colossenses 3: 20 e 21, o Apóstolo Paulo traz esse assunto à tona (na segunda citação, o verso 21):
Vós filhos, obedecei em tudo a vossos pais, porque isso é agradável ao Senhor
Vós, pais, não irriteis a vossos filhos, para que não percam o ânimo
Apóstolo Paulo
Fico impressionada como Deus é particular nas nossas vidas, principalmente quando decidimos nos render ao Seu grande amor! O verso acima fala do ponto nevrálgico de cada pai, que seria o autoritarismo e dos filhos, que seria a falta de submissão.
Se cada um destes, cede um pouco, acontecerá o amor na prática, e a família é quem sai ganhando. Porém, nem sempre isso é possível, pois o ser humano é complexo demais pra se encaixar numa caixa de boas maneiras.
E é exatamente por essa razão que Deus afirma:
“E Ele converterá….”.
Ou seja, o realizar é parte exclusiva de DEUS! E a nossa parte? Nossa parte é obedecê-lo, cumprir os Seus princípios e submeter-nos aos Seus propósitos.
Os princípios de Deus são inegociáveis e com estes , toda sorte de bencãos nos acompanham. SIM! Como diz as Sagradas
E todas essas bençãos virão sobre ti e te alcançarão
Livro de Deuteronômio 28;2
Isto é maravilhoso! Eu não correrei atrás de bençãos, mas elas vão me alcançar!
Precisamos resgatar as famílias através de corações rendidos a Deus e aos outros. Nada substitui o amor!
Nenhum bem material substitui a ausência de um pai na vida de um filho ou vice e versa. O amor não tem regras formatadas, haja vista o amor ser um sentimento dinâmico e eterno!
Que ao longo de 2022 possamos ter como alvo o resgate de quem somos como pais, como filhos e, como família!
Que sejamos convertidos uns aos outros e voltemos ao “primeiro amor”!
Rita Fernandes é mestre em Filosofia, graduada em direito. Escritora pernambucana, consultora, palestrante. Colunista da Revista Nova Família
