Por Madalena Marques
Tenho observado que as pessoas estão brigando e discutindo muito. Amizades, casamentos e relacionamentos em geral estão sendo abalados ou rompidos por conta do que cada um defende. O diálogo é rapidamente substituído por ofensas de ambos os lados e a seguir o que vemos é distanciamento e, em alguns casos, ruptura.
O que aconteceu com a nossa capacidade de ouvir? Por que não estamos suportando escutar quem diverge de nós? Por que estamos colocando as escolhas políticas acima do amor e da amizade? O que está por traz de tudo isso?
Com certeza não teremos todas as respostas, porém vou arriscar aqui algumas reflexões. Espero que elas sejam úteis, sem a menor pretensão de esgotar o assunto.
Somos carentes, em algum grau, e digo o mesmo a respeito do sentimento de “desimportância”, que por vezes nutrimos. Esse quadro nos faz ver as coisas de maneira distorcida.
A carência aliada ao sentimento de “desimportância” pode fazer com que uma simples conversa se torne uma batalha com um ganhador e um perdedor, sendo este último o outro, de preferência. As redes sociais deram voz e visibilidade a todos, o que a meu ver, é mais positivo do que negativo, porém as conversas passaram a ter plateia e aí, todo mundo quer ter razão.
O que antes acontecia na sala de estar de uma casa ou de um barzinho numa roda de amigos, agora ganhou uma enorme visibilidade, sujeito a intrusos de todos os tipos e tribos. Esse imenso holofote que é a internet, que aliado a uma educação precária, crenças errôneas, somadas as nossas carências, frustrações e coisas mal resolvidas, fazem com que o que poderia ser uma conversa edificante se torne um campo de batalha.
A necessidade de lacrar é insana. A reflexão quase não existe. Preciso ganhar a discussão mesmo quando estou errado.
Quando alguém não concorda com nosso ponto de vista imediatamente já o olhamos com um pé atrás, como crianças mimadas que não podem ser contrariadas. Daí a pensar que o outro nos odeia é um pulo.
Negamos a essa pessoa o direito de concluir seu raciocínio e negamos a nós mesmos a oportunidade de aprender com essa pessoa. Desperdiçamos a chance de rever nossos conceitos ou de reafirmá-los.
Não existe nada mais rico do que a troca de ideias, pensamentos, opiniões; mudar faz parte da vida. Precisamos nos libertar da ideia de que ao conversar e divergir estamos numa disputa, e que alguém vai ganhar e outro perder.
Ganhamos quando ambos permitimos o ouvir com respeito
Quando entendemos que divergir não é ofender, e sim uma necessidade e um direito. Direito esse que estamos negando ao outro e a nós mesmos.
Que tal passarmos a utilizar mais essas expressões: caramba, obrigada, vc me fez ver de forma diferente, ou eu nunca havia pensado por esse ponto de vista, sabe que pensando bem você tem razão? Isso não nos apequena, muito pelo contrário, nos agiganta. Essas expressões estão cada vez mais raras infelizmente.
Mudar de opinião, pensar diferente do que pensava, é maravilhoso! É estar vivo, e não um morto vivo!
Lendo e ouvindo o outro nos oxigenamos. Nossa vida melhora muito quando abandonamos uma ideia fixa antiga e adotamos uma nova.
Preste atenção na quantidade de discussões que você vem tendo e do número de pessoas que estão se afastando de você. Todos temos uma parcela de responsabilidade.
Se vc estiver feliz, segue em frente. Caso contrário, faça uma reflexão sobre seu comportamento e a forma de expressar suas ideias.
Tenho me esforçado para me libertar da necessidade de ter razão nas minhas conversas com parentes e amigos. Não é fácil, mas confesso que a coisa toda fica mais leve.
Precisamos cultivar cada vez mais o respeito nas nossas relações. Dessa forma estaremos de fato dando ao outro e a nós mesmos a verdadeira chance de melhorar o nosso mundo.
Afinal, nisso concordamos! Todos queremos um mundo melhor!
Madalena Marques é psicóloga formada pela #Umesp -Universidade Metodista de São Paulo, especializada em atendimento para adultos (presencial, em seu consultório em #AldeiadaSerra, #SãoPaulo, ou virtualmente no #Brasil, e atendendo brasileiros que vivem no exterior). Colunista da Revista Nova Família.
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