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Por Carlos Monteiro
Um bate-papo com #RuyCastro e #HeloisaSeixas, no último dia 11 deste mês – março, por ocasião da entrega do prêmio Machado de Assis, na Academia Brasileira de Letras – #ABL, me fez pensar, profundamente, em relação ao meu liame com o #RiodeJaneiro. Ele tem absoluta razão, quando coloca que é recorrente essa história ‘que o Rio está acabando’, ‘que o Rio acabou’. Desde o início do século passado, essa cantilena se repete, com as malemolências que lhe são inerentes.
Segundo Ruy, se perguntássemos ao jornalista #PauloFrancis, ele diria que havia acabado com a transferência da Capital Federal para #Brasília. Se perguntássemos ao #IvanLessa, também jornalista, ele afirmaria que acabara, nos anos 50, ao término de sua adolescência. Se questionássemos o notável pintor e caricaturista-modernista #DiCavalcanti, nos idos dos anos 1930, certamente asseguraria que acabou com o ‘povoamento’ da praia de Copacabana. Se indagássemos a #LimaBarreto, o grande cronista da cidade, foi indubitavelmente no “bota-abaixo”, tendo acabado em 1904.
Para ele, assim que inventaram a expressão: “Cidade Maravilhosa”, de controversa autoria – não se sabe ao certo se terá sido cunhada pela poeta francesa #JeaneCatulleMendès, em sua estada na cidade no ano 1911 e que em 1913 publicou, em #Paris, “La Ville Merveilleuse” que viria consagrar a expressão ou, na verdade, como cita Ruy em “Metrópole à beira-mar”, #CoelhoNetto que já a lançara anteriormente, em 1908, numa crônica para o jornal A Notícia. “…Mas como a homenagem de Jeane era mais nobre – um livro inteiro e, ainda por cima, em francês sobre a cidade -, foi ela quem levou a fama…”.
Pois é, em 1914, 1915 já chamavam o Rio de “Ex-Cidade Maravilhosa”. Conclui. As pessoas não estão satisfeitas nunca, acham que o bom é sempre o antes, o passado.
O atual é um horror. O Rio acabou, o Carnaval acabou, a Bossa-Nova acabou, o Samba acabou… Acabou mas não acabou! Continua, vívido, pulsante, latente! As pessoas, há seis meses, continuavam a andar pelas ruas maravilhosas como se não houvesse crise. Nesse Rio maravilhoso. Precisamos acabar com esse derrotismo, esse fatalismo que perdura há mais de cem anos!
O Rio já acabou muitas vezes #SQN. É isso Ruy; total razão.
É isso, é esse gás que, nós, cariocas apaixonados, precisamos injetar nas veias, num Rio que não é só de praias, num Rio que tem o Parque de Madureira, Baile Charme, Feira das Yabás, duas escolas num só bairro; tem a batata de Marechal, Juniors Burg’s no Méier, cachorrão do Oliveira, o lendário ‘Via 11’ e o podrão do Trailer do Chico. Tem altinha e frescobol; tem Biscoito Globo e mate-limão do galão; tem aplauso ao pôr do Sol à Leonam. Tem um ‘porra’ antes de iniciar qualquer frase, na verdade, para os cariocas, ‘porra’ é vírgula. Tem ‘mermão’ sim. Tem fezinha no poste, porrinha na disputa para quem pagará a rodada do cafezinho no ‘Café Capital’ na antiga rua Larga, amendoim em tubetes coloridos aquecidos na lata de banha ‘Carioca’.
Tem tudo isso e muito mais, sabe por quê? Porra, porque somos felizes.
Qual a cidade no mundo pode se gabar de ‘rio de janeiro a janeiro’. Qual cidade tem o privilégio de uma sinfonia cujo seu compositor, o maestro que deu tom às cores e as sonoridades, ter uma samaúma como amiga?
Xô derrotismo, xô complexo de vira-latas, xô vitimismo! Vamos acabar com a lenda que ‘depois que inventaram o tá ruim, nunca mais ficou bom’.
Vamos, juntos, numa corrente uníssona, mostrar que Gil está certíssimo; não é só de janeiro: é de fevereiro, de março, de abril…
É Rio meu camarada! É Ruy!
Carlos Monteiro é jornalista e fotógrafo.
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