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Quanto riso,

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quanta tristeza…

Por Adriana do Amaral

Ilustração: @OnézioCruz

Sempre gostei de #carnaval. Em poucas épocas do ano pessoas tão diferentes têm a oportunidade de conviverem e, de certa forma, participarem de algo coletivo, mesmo que de maneiras diferentes; aproveitarem ou lucrarem ao mesmo tempo, apesar das dimensões distintas.

O carnaval é cultura, mas também indústria, é profano e religioso, é fantasia e história. Um momento raro onde até mesmo os religiosos podem participar (parte deles) e depois recebem a absolvição pelas cinzas que redime os excessos. É a folia que precede outros momentos tão distintos em significados.

Pessoalmente, o carnaval remete ao nascimento do meu primeiro filho, que veio ao mundo numa manhã de sábado de carnaval. Dizem que é época fértil, e tão democrática, que tantas outras datas podem ser celebradas devido à flexibilidade do calendário.

Mamãe eu quero,

mamãe eu quero,

mamãe eu quero mamar.

Marchinha de carnaval, Vicente Paiva

O carnaval permeia a vida das pessoas de maneiras distintas, até mesmo daqueles que preferem o retiro e isolar-se da folia. No Brasil, uma festa que ajuda a preservar a memória e a história, além de transformar os modos e meios de vida.

Festança que também é ruptura, pois mesmo as músicas envelheceram, não é mesmo? Muito do que era vivido mudou, muito do tradicional foi contestado e o politicamente correto nos faz questionar algumas práticas e canções.

Afinal, é preciso pensar antes de repetir os versos de “O seu cabelo não nega mulata”, ou “Olha a cabeleira do Zezé, será que ele é, será que ele é”. Ou mesmo debochar da “Maria Sapatão”, que “de dia é Maria e de noite é João” ou simplesmente dançar na “boquinha da garrafa” ou no “bonde do tigrão”.

Ouvir os Sambas-Enredos, por outro lado, é aprender lições que a escola não ensinou. Sobre o descobrimento – ou seria encobrimento do Brasil, do povo negro escravizado, das religiões de matrizes africanas, das tantas sabedorias popular. Admirar a beleza e o talento dos artistas anônimos do Brasil.

Também dos artistas esquecidos e/ou celebrados em vida. Ah, Orfeu… Carnaval é cultura!

O filme mostra a paixão arrebatadora da versão carioca de Orfeu por Eurídice.

Mas, há dois anos, um vírus roubou-nos a alegria do carnaval, e este ano, a ausência de paz nos rouba a alegria de viver. Por isso, cantemos juntos:

Tristeza

por favor vá embora

minha alma que chora…

Vinícius de Moraes

Esboço de Carnaval

Ilustração: @OnézioCruz

Hoje eu acordei cantando marchinhas de carnaval e rememorei os tempos que frequentei os salões: a cada baile uma fantasia nova, quase todas improvisadas, uma ou outra mais elaborada. A gente se preparava para a folia, depois fantasiava os nossos sobrinhos e filhos!

Como quase sempre passava os carnavais no interior as noites eram reservadas para assistir os desfiles das #EscolasdeSamba, tão desprovidas de recursos e mesmo assim dançávamos e aplaudíamos com empenho, ajudando os sambistas, trocando o calor humano. Nos últimos anos acompanhei alguns dos blocos em São Paulo. Que alegria ver as pessoas no Metrô, nas ruas, fantasias perdidas na cidade grande em busca da folia.

Que saudades sinto do carnaval! Teria sido mesmo aí que tudo acabou? É claro, não é hora para aglomeração, a diversão foi cancelada e deve ser desestimulada inclusive no privado, mas…

A vida anda tão difícil, a realidade tão dura e não temos a ilusão carnavalesca para nos libertarmos das angústias tantas! E que calor faz, alalaô…

Haja água para dessedentar as nossas ilusões perdidas… Tanto pierrô sem colombina, tanta gente implorando: me dá um dinheiro aí.

Serão dias de saudosismo, não seremos resgatados pela cultura popular, está proibido brincar. Mesmo assim é carnaval no meu coração e espero, sinceramente, poder brincar sem medo no ano que vem…

Carnaval? Desengano. Será mais um ano esperando.

Bandeira branca amor

não posso mais…

eu peço paz

Laercio Alves / Max Nunes

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