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Por Rita Fernandes
Meu corpo nu
Não se encontra tão nu quanto deseja a minha alma
Porque nesta o inimaginário do meu “ eu”
Se descobri numa convicção buscada pelas marcas dos meus sonhos
Nas curvas da minha alma
Encontro os caminhos ainda não concluídos
Os indeterminados e os ainda não percebidos
No invisível que cobre minha mente
Nas paredes gotejantes da minha emoção
Nos vazios não preenchidos da minha vontade
Assim se encontra a minha alma
Nua em si mesma ou preenchida pela minha busca
De poder encontrar o que ficou no caminho
Do que já foi conquistado e do que ainda não foi concluído

Sinto a nudez suave do sentimento puro
E a perversidade do que me foi roubado
E num ritmo sincronizado do perfeito gemido
Deixo a minha alma cavalgar nas curvas do meu inibido desejo
Nesta nudez escancarada, descortinada
De lembranças e desejos, de conquistas e buscas
Minha alma se comove tímida
Ordeno-a ainda, com doçura , num grito quase surdo
Para que neste gesto emudecido
Ela se encoraje e se possa despir
Começo a ver a dança de uma alma tímida
Num desenrolar perfeito de movimentos
Por vezes dançando na sombra
E por outras deixando-se perceber à luz
Pela primeira vez a vejo bela
Dentro de uma suave liberdade
Sem a liberalidade grotesca que a agride
Assim é a minha alma
Um infinito finito de mim
Desprovida de valores exteriores
Mas convicta dos valores que a justificam
Alma nua sou eu
Para receber o que me falta
E para dividir o que em mim transborda

Rita Fernandes é mestre em Filosofia, graduada em direito. Escritora pernambucana, consultora, palestrante. Colunista da Revista Nova Família
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One thought on “Alma nua”
Linda reflexão Ritinha, amoo a sua vida 🙏