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ELES ESTÃO, CADA VEZ MAIS, ASSUMINDO O COMANDO DA CASA

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21% dos pais abrem mão de suas carreiras para cuidar da familia e do lar

De acordo com um estudo realizado em 2012 pelo centro de pesquisa americano Pew Research, em 1989, 1.10 milhões de homens ficavam cuidando dos filhos, hoje, esse número praticamente dobrou, chegando à marca de 2.2 milhões. Mesmo que o número de mulheres que deixam de trabalhar para cuidar dos filhos seja bem maior, na atualidade, 16% dos homens ocupam esta função. Destes, 23% alegam ficar em casa principalmente por não conseguirem encontrar emprego. O que chama a atenção, porém, é que 21% dos homens confirmam que ficam em casa para realizar a função de cuidar do lar e da família, representando um aumento quatro vezes maior do que em 1989, que tinha apenas 5% do público masculino exercendo este papel.

Alguns declaram que ficam em casa e assumem esta atividade por diversos outros motivos, mas mesmo assim, a pesquisa demonstra que os pais estão colocando a família em primeiro lugar, deixando a profissão em segundo plano, atitude esta que era destinada apenas às mães.

Fabricio Franco é um exemplo de pai que assumiu as responsabilidades do lar e da criação do filho. De acordo com ele, o que o motivou, no entanto, diz respeito ao seu próprio trabalho e ao da sua esposa. Ele é músico, portanto, seu horário de expediente é de noite e em alguns dias da semana, sendo assim, aos poucos foi assumindo as funções dentro de casa e com o filho. “Isso se intensificou quando mudamos para Dubai. Minha esposa trabalhava como comissária de bordo na Emirates Airlines e viajava pelo mundo todo, ficando uma boa parte do tempo fora da cidade. Com isso, eu tive que ser a “mãe” do meu filho levando na escola, dando comida, etc. Mas dividíamos responsabilidades no tempo em que ela estava em casa e eu estava tocando”, comenta.

Segundo o músico, é uma grande satisfação poder estar mais presente no dia a dia de seu filho, o que levou os dois a terem uma relação muito próxima e de cumplicidade, especialmente no início da mudança para outro país. “E também ajudou muito no relacionamento com minha esposa, uma vez que ela sente-se grata por ter ajuda nas funções de casa e por não precisar ter que trabalhar, após chegar cansada do trabalho. E ainda me fez valorizar mais as coisas que ela fazia, já que eu tive que aprender a fazê-las e percebi que não era tão fácil”, destaca Fabricio.

Ele ressalta que nunca sofreu nenhum tipo de preconceito no Brasil por ser “dono de casa”, entretanto, existe uma certa estranheza em como as tarefas são divididas em sua casa. “Nos quatro anos que vivemos em Dubai, senti o preconceito, principalmente por parte dos árabes, que têm uma cultura muito machista e não admitem de bom grado essa “inversão de papéis”, chegando até a dificultar as coisas algumas vezes para nós quando precisávamos de algo burocrático de órgãos governamentais, por exemplo”, lamenta o músico.

Em relação as dificuldades, a maior delas, de acordo com Fabricio foi a preguiça (risos). “Acredito que a parte mais difícil foi a de ter que me acostumar a realizar algumas tarefas cotidianas como ter que cozinhar, e depois ainda ter que lavar a louça, por exemplo. Mas no geral, não acho que tive muitas dificuldades, até porque foi um processo meio gradual e eu percebi que tinha que ajudar minha esposa, uma vez que em dado momento eu tinha mais tempo livre para isso do que ela”, explica Fabricio.

Mas, no final, ele acredita que esta experiência trouxe benefícios para o seu crescimento pessoal. “Isso me fez uma pessoa mais respon sável, mas principalmente, me fez um pai e um marido melhor, entendendo de maneira mais ampla a dinâmica de cuidar de filho e da casa. E, com certeza, me fez um pouco menos preguiçoso, já que aprendi que há coisas que não dá para fugir ou adiar”, finaliza.

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