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Solteira sim, e daí?

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por Lelah Monteiro

A inspiração para esse artigo veio de uma conversa que ouvi outro dia numa cafeteria. Na mesa ao lado, um grupo de amigas papeava animadamente. Impossível não ouvir o que falavam: maridos, namorados, crushs, paixões e desilusões. Num dado momento, entre risadas, uma delas disse:

  • Nossa, será que eu nunca vou casar e ser feliz?

A frase me surpreendeu. Desde quando casamento virou passaporte para a felicidade? Há situações, inclusive, que acontece justamente o contrário. Como terapeuta de casais, vejo diariamente em meu consultório pessoas infelizes, com vínculos de fachada dos quais não conseguem se libertar.

Os relacionamentos se tornaram mais um status social do que um “relacionar-se” verdadeiro.

Chamo atenção aqui, como psicoterapeuta e psicanalista, para a importância de aprendermos a nos relacionar. O estado civil pouco importa. Mas o relacionar-se e estar bem com suas escolhas, essa sim, é uma arte. E ajudar quem ainda não consegue fazer isso é minha missão como profissional.

Vivemos numa época em que a solteirice não é mais vista como uma “tragédia” na vida de ninguém. Lembra daquelas frases de nossas avós, bisavós – que todos nós já ouvimos -, carregadas de preconceito?

  • Fulano é um solteirão, fulana ficou para titia. Algum problema eles têm.

Hoje podemos falar:

  • Sim, solteirão e/ou solteirona, por total escolha e muito feliz, tá?

A primeira lição para buscar a felicidade é que aprendamos a nos relacionar bem com nós mesmos. Estando “de boas” com nossos desejos, valores, sonhos, estaremos bem para dividir a vida com alguém. Ou não dividir, se for essa a nossa escolha.

Além disso, solteirice não quer dizer estar desacompanhado. Não quer dizer solidão. Hoje, muitas pessoas, depois de vários relacionamentos (sejam casamentos formais ou uniões estáveis) optam por não assumir mais nenhum compromisso. Buscam apenas ter uma boa companhia.

  • Eu me basto, e tá tudo bem. Tenho amigos, tenho aquele ficante, aquele “PA” que é maravilhoso… Escolhi essa vida, desse jeito, e estou nela inteira.

A metade da laranja? Chega disso! Nós somos pessoas inteiras que podemos estar ou não com alguém. Não espere por um casamento nem por ninguém para ser feliz. Seja feliz agora. Celebre a vida.

Quem está bem consigo mesmo nunca está sozinho.

Quem é Lelah Monteiro

Psicanalista, terapeuta de família e de casais, sexóloga e fisioterapeuta pélvica
(www.lelahmonteiro.com.br). Atua em seu consultório em Perdizes (São Paulo, SP) Ministra
palestras em empresas, escolas e outras organizações sobre relacionamento, comportamento,
diversidade, assédio x segurança afetiva e sexual etc. É colunista e colaboradora de revistas,
programas de rádio e TV com pautas relacionadas a comportamento, relacionamento, saúde,
qualidade de vida e sexualidade. Atualmente comanda o quadro “Terapia em Família”, todas as
quartas-feiras, a partir das 15h, no programa Expresso Capital, na Rádio Capital AM/FM e
plataformas digitais @capitalcomvoce.

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